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UN wants to treat biodiversity as an economic issue
Cancun, Mexico

UN wants to treat biodiversity as an economic issue

English Summary - The UN environmental conference that takes place until Saturday in Cancun, Mexico, has as a priority connecting the preservation of biodiversity with sectors of the economy such as agriculture, fishing, forests and tourism.

 

 

 

A conferência ambiental das Nações Unidas que acontece até sábado em Cancún, no México, tem como prioridade conectar a preservação da biodiversidade com setores da economia como agricultura, pesca, florestas e turismo.

Colocar a biodiversidade em lugar mais estratégico na agenda internacional, como ocorreu com a mudança do clima, é o eixo central da rodada de negociações iniciada na semana passada durante a chamada CoP-13. Foi o tema da declaração ministerial do evento divulgada há poucos dias.

“É tratar devidamente a biodiversidade nos setores econômicos”, diz o brasileiro Braulio Dias, secretário executivo da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB).“Na medida em que os governos implementarem de forma mais consistente os objetivos de desenvolvimento sustentável e promoverem políticas mais integradas entre agricultura, turismo, floresta, pesca e outros”, continua, “o custo de implementar a agenda da biodiversidade vai cair”.

Medir o valor da biodiversidade é ainda complicado. No Brasil, o IBGE, por exemplo, tem estatísticas para pesca. Há dados sobre produtos madeireiros. “Ainda assim, é uma subestimativa. Só entram nas estatísticas nacionais o que faz parte da economia formal. Mas boa parte do uso da biodiversidade é feito de forma informal”, diz o brasileiro. “Não gera estatística e subestima-se o valor da biodiversidade.”

No caso dos serviços ecossistêmicos é ainda mais complicado. “Existem boas estatísticas sobre o valor da água no Brasil. Mas quanto daquele valor se deve à preservação da floresta Amazônica e de outros ecossistemas?”, ilustra. “Isso é o que se chama hoje de capital natural.”

É o mesmo caso da polinização. Muitas culturas agrícolas dependem de abelhas e outras espécies animais como polinizadoras. A cultura da soja, se tiver uma boa frequência de polinizadores, pode ter aumento de até 10% da produção. No caso do café, o aumento pode chegar a 50%. A dificuldade está em como contabilizar isso.

A conferência no México discute aspectos técnicos de como preservar a biodiversidade. Na primeira semana da CoP 13 vieram mais de 100 ministros e vice-ministros. No caso brasileiro estiveram em Cancún os ministros José Sarney Filho, do Meio Ambiente, e Blairo Maggi, da Agricultura.

Os Estados Unidos não ratificaram a Convenção da Biodiversidade, são apenas observadores neste fórum. Mesmo assim, a eleição de Donald Trump e de outros países que não priorizam o tema ambiental, podem ter impacto nas negociações internacionais, avalia Dias. “Todos os países têm que fazer um esforço de conservar a biodiversidade, mas os desenvolvidos têm a responsabilidade adicional de ajudar a custear os em desenvolvimento. Essas eleições podem afetar, com certeza."

O Brasil ainda não ratificou o Protocolo de Nagoya, que trata do acesso e da repartição de benefícios da biodiversidade. Técnicos do Ministério da Agricultura têm algumas dúvidas. “Entendo que o Brasil irá ratificar. O país está bem preparado para isso”, avalia Dias, referindo-se à lei da biodiversidade, de 2015.

Dias disse que teve uma reunião com o ministro Blairo Maggi, da Agricultura, em Cancún, na semana passada. “Esclareci questões dele e ele me disse que irá apoiar a ratificaçao do protocolo”.